quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A Cidade do Sonho





Sofres e choras? Vem comigo! Vou mostrar-te
O caminho que leva à Cidade do Sonho...
De tão alta que está, vê-se de toda a parte,
Mas o íngreme trajecto é florido e risonho.

Vai por entre rosais, sinuoso e macio,
Como o caminho chão duma aldeia ao luar,
Todo branco a luzir numa noite de Estio (Verão),
Sob o intenso clamor dos ralos (insetos semelhantes aos grilos) a cantar.

Se o teu ânimo sofre amarguras na vida,
Deves empreender essa jornada louca;
O Sonho é para nós a Terra Prometida:
Em beijos o maná chove na nossa boca...

Vistos dessa eminência, o mundo e as suas sombras,
Tingem-se no esplendor dum perpétuo arrebol (crepúsculo);
O mais estéril chão tapeta-se de alfombras (relva),Não há nuvens no céu, nunca se põe o Sol.

Nela mora encantada a Ventura (felicidade) perfeita
Que no mundo jamais nos é dado sentir...
E a um beijo só colhido em seus lábios de Eleita,
A própria Dor começa a cantar e a sorrir!

Que importa o despertar? Esse instante divino
Como recordação indelével persiste;
E neste amargo exílio, através do destino,
Ventura sem pesar só na memória existe...
                                           
                                            António Feijó, in 'Sol de Inverno'



                                                                              




     Concretizou-se A cidade dos sonhos, de António Feijó na Colina do Castelo das Terras de Santa Maria em dezembro com a Terra dos Sonhos.
      Visitei-a seis vezes e fiquei maravilhado.

1 comentário:

  1. "A própria Dor começa a cantar e a sorrir!"
    É um poema muito lindo! Incrível mesmo. Estás de parabéns! Adorei o blog ;)

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